Leão XIV: O papa da Igreja Católica Apostólica Romana

Cardeais escolhem novo pontífice

Na última quinta-feira, 08 de maio, teve fim o Conclave que começou na quarta-feira, 07, e reuniu 133 cardeais para a escolha do novo papa, após o falecimento de Francisco, em 21 de abril. O escolhido: Robert Francis Prevost, o primeiro papa estadunidense.

Com apenas dois dias de conclave, Prevost recebeu 2/3 dos votos e se tornou o novo líder da Igreja Católica Apostólica Romana, que conta com mais de 1 bilhão de fiéis em todo o mundo. A escolha, mais uma vez, se mostrou como uma surpresa, tendo em vista que o então cardeal Prevost pertencia à segunda linha de papáveis favoritos ao cargo, atrás de nomes como o do italiano Pietro Parolin.

“Habemus papam”! A fumaça branca saiu da chaminé no topo da Capela Sistina, no Vaticano, às 13h10 (horário de Brasília) e indicou a escolha do novo pontífice. Pouco mais de uma hora depois, por volta das 14h, também no horário de Brasília, o papa Leão XIV apareceu na sacada da Basílica de São Pedro e foi ovacionado pelos milhares de fiéis que esperavam por seu novo líder, o momento foi de emoção para todos, inclusive para a santidade, e emanou a alegria da multidão.  

Robert Francis Prevost adotou o nome de Leão XIV, e em sua primeira benção mencionou Santo Agostinho "Sou um filho de Santo Agostinho. Um agostiniano", disse o pontífice.

"A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês", disse Prevost em sua primeira fala como papa Leão XIV.

Quem é Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV

Robert Francis Prevost tem 69 anos é o papa mais jovem dos últimos 35 anos e o primeiro nascido nos Estados Unidos. O Santo Padre também tem cidadania peruana e morou por muitos anos no país sul-americano. Previst entrou para a igreja aos 22 anos e serviu como bispo em Chiclayo, no noroeste do Peru, de 2015 a 2023. Atualmente exercia um cargo de grande importância na igreja, sendo prefeito do Dicastério, responsável por auxiliar o então papa Francisco na escolha de bispos por todo o mundo.

Nascido em 14 de setembro em 1955, em Chicago, Illinois, é um dos nomes mais influentes da Igreja Católica nos últimos anos. Prevost é bacharel em matemática pela Universidade de Villanova (1977), mestre em Divindade pela Catholic Theological Union, em Chicago, e doutor em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de São Tomás de Aquino, em Roma. Sua tese de doutorado tratou do tema “O papel do prior local na Ordem de Santo Agostinho”. Ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977 e foi ordenado padre em 1982.

Após a ordenação, atuou como missionário no Peru, onde exerceu diversas funções, como chanceler da prelazia de Chulucanas, reitor de seminário, professor de direito canônico, vigário judicial e pároco. Em 1999, retornou a Chicago e foi eleito prior provincial, e em seguida prior-geral da ordem agostiniana, cargo que ocupou por dois mandatos até 2013.

 Em 2014, foi nomeado administrador apostólico da Diocese de Chiclayo, tornando-se bispo em 2015. Também foi administrador apostólico de Callao e vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana entre 2018 e 2023, período em que os bispos tiveram papel importante na estabilidade institucional do país em meio a sucessivas crises políticas.

 Em janeiro de 2023, o Papa Francisco o nomeou prefeito do Dicastério para os Bispos, o escritório do Vaticano encarregado de escolher quais padres deveriam servir como bispos católicos em todo o mundo – o que significa que ele participou da seleção de muitos dos bispos do mundo. Em setembro do mesmo ano, foi elevado ao cardinalato.

 O papa integrava sete dicastérios vaticanos, além da Comissão para o Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, o que demonstrava o alto grau de confiança que Francisco depositava em sua capacidade administrativa.

O então cardeal Prevost ganhou destaque por sua escuta atenta, discrição e domínio das questões eclesiais. Ele compartilha da visão do papa Francisco sobre ecologia, acolhimento aos pobres e migrantes, e defende uma atuação pastoral próxima das pessoas. Apoiou a possibilidade de comunhão para divorciados recasados civilmente e manifestou apoio moderado ao documento Fiducia Supplicans, sobre bênçãos a casais em situação irregular.

A escolha do nome

O então cardeal Robert Prevost escolheu o nome de Leão XIV, que foi anunciado em sua apresentação como o novo papa no Vaticano. Especialistas dizem que a escolha do nome pode ser uma homenagem a Leão XIII, um papa que serviu entre 1878 e 1903 e foi responsável por implementar a doutrina social católica nos tempos modernos.

A encíclica Rerum Novarum, aprovada durante o papado dele e considerada marco inicial da doutrina social da Igreja, defendeu princípios morais como a dignidade, a inviolabilidade da pessoa humana e condições para uma vida justa. O documento também aborda a questão operária e os direitos dos trabalhadores.

Duas marcas de Leão XIII eram sua maneira gentil de se expressar e o desejo de reconciliar a Igreja Católica com a cultura secular do final do século 19 - um momento de grandes transformações sociais e econômicas por causa da Revolução Industrial.

Seguir os passos de Francisco

“Obrigado, papa Francisco”. Disse o novo papa Leão XIV em seu discurso inaugural em frente aos fiéis que o aguardavam na Praça São Pedro.

“A humanidade necessita de pontes para que sejam alcançadas por Deus e ao mundo. Ajudai-nos também vós, unam-se aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos todos para sermos um só povo, sempre, em paz. Obrigado, papa Francisco”, declarou o pontífice.

De perfil discreto e voz tranquila, Prevost costuma evitar os holofotes e entrevistas. Levado ao governo do Vaticano por Francisco, que também era seu amigo, é visto como um reformista, alinhado à linha de abertura implementada por seu antecessor. Tem formação sólida em e é considerado um profundo conhecedor da lei canônica, que rege a Igreja Católica.

Em seu discurso, Leão XIV enfatizou a importância da paz. Como desafios, ele terá de lidar com um cenário internacional instável, marcado por guerras e tensões geopolíticas. Durante o papado anterior, a Igreja ampliou seu papel diplomático e atuou como mediadora em conflitos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Antes do conclave, o Vaticano informou que os cardeais desejavam escolher um papa que desse continuidade às reformas de Francisco.

O novo Papa disse que espera "Uma Igreja sinodal, que busque a paz, a caridade, que tente estar sempre próxima de quem sofre", lembrou o pontífice. Em seguida, procedeu a uma saudação a Maria: "Hoje é o dia da súplica à Nossa Senhora de Pompeia. Nossa mãe Maria quer sempre caminhar conosco, estar perto de nós e nos ajudar com sua misericórdia", complementou o novo papa Leão XIV.